sábado, 5 de fevereiro de 2011

Waldir de Luna Carneiro, nosso maior dramaturgo.



            A história do teatro amador em Alfenas tem  inicio na primeira metade do século XX, mas sua história ganha contornos mais delineados a partir de 1942, após o fechamento para reformas do Cine Carlos Gomes, quando um grupo de jovens veem no teatro uma alternativa de divertimento.
            A partir desse momento, é revelado à dramaturgia o que se tornaria o maior dramaturgo do qual se tem notícias aqui entre as serras do sul das Minas Gerais: Waldir de Luna Carneiro. Nascido em Santa Rita do Sapucaí, órfão de mãe foi criado pela avó, na juventude muda-se para Alfenas, onde construiu família, carreira como gerente de banco e se firmou como um dos mais importantes teatrólogos de Minas, história que já beira os 70 anos.
            A primeira peça escrita e montada por Waldir de Luna e por seus amigos foi intitulada de “Dr. Complicação”, que estreou em 16 de junho de 1942, no Centro Católico Cristo-Rei, atual Centro de Pastoral da Igreja Matriz de São José e Dores, fazendo surgir o grupo teatral “Joracy Camargo”. Depois do sucesso de “Dr Complicação”, o grupo dá inicio à montagem da segunda peça de Waldir de Luna, “A sucursal do inferno”, e ainda em novembro do mesmo ano estrearia o espetáculo “A família Alvarenga”. Aproveitando a empolgação pelo sucesso das empreitadas teatrais, o grupo continuara durante décadas criando e divertindo a população de Alfenas e de outras cidades pelo Brasil.
            Tentar contabilizar as obras do escritor/dramaturgo Waldir de Luna pode fazer com que cometamos grave injustiça, já que suas gavetas devem estar recheadas de textos inéditos. Também não dá para não citar os seus mais de nove livros publicados, as diversas premiações literárias, os inúmeros textos adaptados para o cinema e televisão, além, é claro, das mais de sessenta peças teatrais, representadas por diversos grupos, inclusive os que apresentavam exclusivamente suas peças, como o “Joracy Camargo” (1942/52), “Carvalho Junior” (1953/63) e o TAC - Teatro Alfenense de Comédia (1964/97), onde o próprio Waldir atuava como autor/fundador/diretor.
            O fazer teatral é uma tarefa árdua, mas durante décadas lá estava o Sr Waldir desenhando o retrato de nossa sociedade, onde por meio de um estilo marcante e simples colocava com sutileza textos recheados de crítica social nas falas de marcantes personagens, como Coronel Bezerra, de “O Zebuzeiro” (1947), e Eleutério, de “Mandinga” (1950).
            Com certeza Alfenas, Minas Gerais e todos aqueles que se aventuram no fazer teatral se orgulham por poder ter representado uma peça do Sr Waldir, ou por apenas ter tido o prazer de ter uma pequena conversa com o grande mestre do teatro mineiro e que, com toda sinceridade, sempre fez questão de lembrar que seu teatro é amador. Amador sem deixar de ser grande e contagiante.

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